O diabetes atinge nove milhões de brasileiros – o que equivale a 6,2% da população adulta – segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As mulheres apresentam maior índice comparado aos homens (5,4 milhões para 3,6 milhões). A maior incidência é na faixa etária entre 65 e 74 anos (19,9%) e a menor, na idade entre 18 a 29 anos (0,6%). Mas, para os que têm mais de 75 anos, o percentual também é alto: 19,6% de prevalência da doença.
Hoje, no dia Dia Mundial do Diabetes, campanhas no mundo todo vêm conscientizar a importância da prevenção e educação nos cuidados de pacientes com a doença. A data foi criada em 1991 pela Internation Diabetes Federation (IDF) em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O dia 14 de novembro corresponde ao aniversário de Frederick Banting que juntamente com Charles Best, deu origem aos estudos da insulina no ano de 1921.
Esse ano, o tema da campanha é “Diabetes, uma doença invisível”, que busca mostrar a importância de fazer uso dos cuidados para que a doença não se manifeste descontroladamente. “O diabetes é considerado uma doença invisível, pois os sintomas podem aparecer apenas em estágios mais avançados, como por exemplo, através de complicações, principalmente cardiovasculares”, declara Ricardo Saad, analista de farmacoeconomia da Evidências – Kantar Health.
Desde o diagnóstico, a mudança no estilo de vida e a disciplina são necessárias. “A primeira intervenção é a mudança no estilo de vida com a prática de exercícios e alimentação saudável. Geralmente também é prescrito um anti-hiperglicemiante oral, como a Metformina, e em casos mais graves a insulina. O tratamento varia de acordo com a gravidade e o tipo do diabetes”, orienta Saad.
É importante lembrar que, como toda doença, o diabetes se não controlado, pode trazer diversas complicações. “O não controle da doença pode acarretar em complicações cardiovasculares, neuropatia diabética (dores contínuas, formigamento e falta de sensibilidade nos membros inferiores), nefropatia (exaustão renal e danificação dos néfrons) e retinopatia (edema na retina que pode levar a perda total ou parcial da visão)”, analisa Saad.
“Outro problema grave que está associado à neuropatia é o pé diabético, onde através de problemas vasculares podem ocorrer lesões ulcerosas nos pés, sendo necessário em alguns casos a amputação do membro”. A boa noticia, é que mantendo a doença sob controle e o estilo de vida saudável, alguns pacientes não necessitam da utilização de medicamentos.
Estudos
Muitos estudos atuais trazem novas perspectivas de tratamentos e medicamentos tendo o diabetes como tema. Assunto também muito utilizado pela Evidências – Kantar que já realizou diversos pôsteres e artigos científicos. O último teve apresentação oral na International Society For Pharmacoeconomics and Outcomes Research (ISPOR) américa latina realizada em 2015. O estudo Hospitalization costs of type 2 diabetes mellitus (t2dm) patients in a public hospital in Brazil, avaliou os custos dos pacientes hospitalizados no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) por motivos relacionados ao diabetes, sendo os problemas cardiovasculares as principais causas.
“Nós utilizamos os valores gastos pelo hospital para calcular os custos das internações, chegando a um valor de aproximadamente 213 mil dólares para 38 pacientes. Um ponto interessante deste trabalho foi comparar os gastos do hospital com os valores de reembolso do Sistema Único de Saúde (SUS) para cada tipo de hospitalização. O reembolso do SUS, em alguns casos, é cerca de 20 vezes menor do que o valor gasto pelo hospital. Historicamente o hospital é deficitário e depende de outros investimentos públicos para gerenciar suas contas”, analisa Saad, que também participou como um dos autores do estudo. “Acredito que esse trabalho e outros relacionados são importantes para mostrar o impacto que uma doença pode ter no orçamento da saúde pública e também a necessidade de manter a doença sob controle, evitando os gastos altíssimos com hospitalizações relacionadas, por exemplo”.
Campanhas
No Dia Mundial do Diabetes, corridas, caminhadas, palestras, pedaladas dentre outros diversos eventos são realizados como forma de divulgação da doença. No site oficial da campanha (www.diamundialdodiabetes.org.br) é possível encontrar a atividade mais próxima na sua região. Participe!